Em 10 de junho de 2025, a União Europeia atualizou sua lista de jurisdições de alto risco para a prevenção de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, incluindo oficialmente Angola. Essa decisão, baseada nas análises da Força-Tarefa de Ação Financeira (FATF), tem consequências imediatas e profundas sobre a reputação e a funcionalidade do sistema financeiro angolano.
A inclusão de Angola nessa lista destaca as deficiências estruturais dos mecanismos nacionais de combate ao crime financeiro. A partir de agora, todos os bancos da UE são obrigados a aplicar medidas aprimoradas de due diligence em transações com contrapartes angolanas. Isso implica maior escrutínio, requisitos adicionais de verificação documental, análise rigorosa da origem dos fundos e um aumento significativo nos custos operacionais.
O sinal da UE se traduz, na prática, em uma percepção generalizada de risco e vulnerabilidade regulatória no sistema bancário nacional.
Impactos reais para o setor bancário angolano
O impacto não é apenas simbólico. Para os bancos angolanos, a inclusão nessa lista tem repercussões tangíveis que, se não forem gerenciadas adequadamente, podem colocar em risco sua viabilidade e inserção internacional:
- Perda de credibilidade com bancos correspondentes e instituições financeiras internacionais.
- Obstáculos adicionais em transferências internacionais e transações internacionais.
- Dificuldades de acesso a financiamento externo, investimento e mecanismos de compensação global.
- Requisitos adicionais nos processos de auditoria, conformidade e gerenciamento de riscos.
O papel crucial dos bancos: como proceder
Diante desse cenário, os bancos angolanos devem adotar uma postura ativa, técnica e coordenada. O momento exige ação imediata e responsabilidade institucional. Estas são as principais medidas recomendadas:
1. fortalecimento dos programas de conformidade
Há uma necessidade urgente de revisar e atualizar os sistemas de controle interno, especialmente os procedimentos de Know Your Customer (KYC), os mecanismos para identificar transações suspeitas e o monitoramento de estruturas corporativas complexas ou opacas.
2. Auditorias independentes e avaliação de riscos
As instituições devem realizar auditorias internas e externas regulares, com foco na identificação de pontos fracos operacionais e de conformidade. Os relatórios de avaliação de risco são indispensáveis para informar planos de ação sólidos.
3. Treinamento técnico contínuo
O treinamento contínuo do pessoal - especialmente das equipes de conformidade, controle interno e auditoria - é essencial. O conteúdo deve incluir os padrões internacionais do FATF, práticas de análise de risco e gerenciamento de alertas.
4. Alinhamento estratégico com o Banco Nacional de Angola
O Banco Nacional de Angola (BNA) deve ser o eixo norteador dessa transformação, promovendo orientação técnica, supervisão reforçada e fiscalização rigorosa. Os bancos devem colaborar ativamente com o BNA no desenvolvimento de medidas corretivas.
5. Comunicação transparente com o mundo externo
Os bancos angolanos devem desenvolver estratégias de comunicação voltadas para seus parceiros internacionais, demonstrando seu compromisso com as reformas necessárias. A certificação externa dos sistemas de conformidade pode ser uma ferramenta útil para recuperar a confiança.
Orientação para empresas que fazem negócios entre Angola e a União Europeia.
Com a inclusão de Angola na lista de jurisdições de alto risco da UE, torna-se essencial que as empresas - tanto as europeias com operações em Angola quanto as angolanas com interesses ou parceiros nos mercados europeus - reajustem suas estratégias de conformidade e relações internacionais.
As empresas europeias com vínculos comerciais com Angola devem primeiro revisar seu mapeamento interno de riscos regulatórios, atualizando a classificação do país em suas matrizes de conformidade. Com a nova designação imposta pela UE, elas são obrigadas a aplicar medidas aprimoradas de due diligence em transações com parceiros angolanos. Isso envolve a realização de uma análise documental detalhada, a verificação da legalidade da origem dos fundos e o monitoramento em tempo real de qualquer movimento financeiro de ou para Angola.
Além da diligência reforçada, é necessário reavaliar contratos, acordos de parceria e estruturas corporativas que envolvam a participação angolana. A inclusão de cláusulas específicas de integridade, ética e relatórios tornou-se um requisito técnico e de reputação. Igualmente importante é a comunicação direta e transparente com os parceiros locais: solicitar relatórios de conformidade, demonstrar preocupação com as boas práticas e criar confiança institucional são passos fundamentais nesse novo cenário.
Nesse contexto, é prudente consultar consultores jurídicos e técnicos especializados em regulamentação europeia e comércio internacional, como a PetroShore Compliance. Essa consultoria permitirá que as empresas evitem sanções, reestruturem suas relações comerciais e se adaptem rapidamente às exigências de controle impostas pelos órgãos reguladores europeus.
Para as empresas angolanas que desejam manter ou expandir sua presença na Europa, é necessária uma postura ainda mais proativa. A prioridade é alinhar seus sistemas de conformidade com os padrões internacionais, implementando programas robustos de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. O fortalecimento das práticas de identificação de clientes, os controles de transações suspeitas e a verificação dos proprietários beneficiários são agora pré-requisitos para qualquer relacionamento sustentável com instituições europeias.
Outro ponto crítico é a revisão de sua estrutura jurídica e tributária, garantindo a transparência de suas participações acionárias e a conformidade com os requisitos de relatórios. A obtenção de certificações internacionais de boas práticas de conformidade, como a ISO 37301, pode representar um diferencial competitivo e um selo de confiança para bancos, clientes e investidores.
Além disso, recomenda-se a adoção de uma estratégia de comunicação institucional ativa. Informar os parceiros europeus sobre os esforços em andamento, divulgar as políticas internas de integridade e demonstrar o compromisso com a legalidade são ações que fortalecem a reputação e mitigam os riscos reputacionais. Trabalhar com consultores com experiência em regulamentação europeia e finanças internacionais pode acelerar esse reposicionamento e abrir caminhos para superar obstáculos em operações bancárias, exportação de bens e serviços ou acesso a fundos internacionais.
A nova classificação imposta pela UE exige não apenas ajustes técnicos, mas também uma mudança na postura estratégica das empresas de ambos os lados. A rápida capacidade de resposta, o investimento em conformidade e a transparência institucional determinarão quem conseguirá manter relações comerciais viáveis e sustentáveis a longo prazo em um ambiente regulatório mais exigente. A inclusão de Angola na lista de alto risco da UE não deve ser vista apenas como uma penalidade, mas como uma oportunidade histórica de reestruturação. O caminho para a reabilitação exige vontade política, investimento institucional e adesão total às melhores práticas internacionais.
O futuro do sistema financeiro angolano dependerá de sua capacidade de responder com eficiência e integridade a esse desafio. O momento de agir é agora. Conte com a PetroShore Compliance em sua empresa.